sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Uma abordagem histórica da trajetória da parasitologia


Site com artigos científicos em que além de visualiza-los, você pode fazer download. Segue link do site e um artigo sobre a história da trajetória da parasitologia.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ação dos Parasitos sobre o Hospedeiro

   Nem sempre a presença de um parasito em um hospedeiro indica que está havendo ação patogência do mesmo. Entretanto, essa ausência de patogenicidade é rara, de curta duração e, muitas vezes, depende da fase evolutiva do parasito. Em geral, os distúrbios que ocorrem são de pequena monta, pois há uma tendência de haver um equilíbrio entre a ação do parasito e a capacidade de resistência do hospedeiro. "A doença parasitária é um acidente que ocorre em consequência de um desequilíbrio entre hospedeiro e o parasito. " "O grau de intensidade da doença parasitária depende de vários fatores, dentre os quais salientam: o número de formas infectantes presentes, a virulência da cepa, a idade e o estado nutricional do hospedeiro, os órgãos atingidos, a associação de um parasito com outras espécies e o grau da resposta imune ou inflamatória desencadeada." Em verdade, a morte do hospedeiro representa também a morte do parasita, o que, para este, não é bom...Dessa forma, vê-se que a ação patogênica dos parasitos é muito variável, podendo ser assim apresentada:

  • AÇÃO ESPOLIATIVA
   Quando o parasito absorve nutrientes ou mesmo sangue do hospedeiro. É o caso dos Ancylostomatidae, que ingerem sangue da mucosa intestinal (utilizam esse sangue para obtenção de Fe e O2 e não para se nutrirem dele diretamente) e deixam pontos hemorrágicos na mucosa, quando abandonam o local da sucção. Outro exemplo é o mosquito.


  • AÇÃO TÓXICA
    Algumas espécies produzem enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro. Exemplos: as reações alérgicas provocadas pelos metabólitos do A. lumbricoides, as reações teciduais (intestino, fígado, pulmões) produzidas pelas secreções no miracídio dentro do ovo do S. mansoni etc. 

  • AÇÃO MECÂNICA
     Algumas espécies podem impedir o fluxo de alimento, bile ou absorção alimentar. Assim, o enovelamento de A. lumbricoides dentro de uma alça intestinal, obstruindo-a; a G. lamblia, "atapetando" o duodeno etc.

  • AÇÃO TRAUMÁTICA
        É provocada, principalmente, por formas larvárias de helmintos, embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de fazê-lo. Assim, a migração cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae; as lesões hepáticas pela migração da F. hepatica jovem; as úlceras intestinais provocadas pelos Ancylostomatidae e T. trichiura; o rompimento das hemácias pelos Plasmodium etc.

  • AÇÃO IRRITATIVA
       Deve-se à presença constante do parasito que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado. Como exemplo, temos a ação das ventosas dos Cestoda ou dos lábios dos A. lumbriocoides na mucosa intestinal.

  • AÇÃO ENZIMÁTICA
          É o que ocorre na penetração da pele por cercárias de S. mansoni; a ação da E. histolytica ou dos Ancylostomatidae para lesar o epitélio intestinal e, assim, obter alimentos assimiláveis etc.

  • ANÓXIA
        Qualquer parasito que consuma o O2 da hemoglobina, ou produza anemia, é capaz de provocar uma anóxia generalizada. É o que acontece com os Plasmodium ou, em infecções maciças, pelos Ancylostomatidae.

Fonte: Parasitologia humana / [editor] David Pereira Neves. - 11. ed. -
São Paulo Editora Atheneu, 2010.

Tipos de Associações entre os animais


Os animais, individualmente, nascem, crescem, reproduzem-se, envelhecem e morrem, porém a espécie  normalmente, se adapta, evolui e permanece como uma população ou grupo. São diversos os fatores que regulam esses fenômenos individuais e populacionais, que procuram, em última análise, permitir a cada indivíduo a melhor forma de obtenção de alimento e abrigo. Para tal fim muitas espécies passam a conviver num mesmo ambiente, gerando associações ou interações que podem não interferir entre si. Essas associações podem ser:

  • harmônicas ou positivas, quando há benefício mútuo ou ausência de prejuízo mútuo;
  • desarmônica ou negativa, quando há prejuízo para algum dos participantes.
Assim, considera-se como harmônicas o comensalismo, o mutualismo, a simbiose e, como desarmônicas, a competição, o canibalismo, o predatismo e o parasitismo. Como conceituado abaixo os tipos de associações mais frequentes:

  • COMPETIÇÃO
É uma associação desarmônica na qual exemplares da mesma espécie ou de espécie diferentes lutam pelo mesmo abrigo ou alimento.

  • CANIBALISMO
É o ato de um animal se alimentar de outro da mesma espécie ou da mesma família.

  • PREDATISMO
É quando uma espécie animal se alimenta de outra espécie. Isto é, a sobrevivência de uma espécie depende da morte de outra espécie (cadeia alimentar).

  • PARASITISMO
É a associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fornece alimento e abrigo para este. De modo geral, essa associação tenda para o equilíbrio, pois a morte do hospedeiro é prejudicial para o parasito. Assim, nas espécies em que essa associação vem sendo mantida há milhares de anos raramente o parasito leva o hospedeiro à morte.

  • SIMBIOSE
É a associação entre seres vivos, na qual há uma troca de vantagens a nível tal que esses seres são incapazes de viver isoladamente.


Fonte: Parasitologia humana / [editor] David Pereira Neves. - 11. ed. -
São Paulo Editora Atheneu, 2010.

Video Educativo Galinha Pintadinha


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Introdução à Parasitologia Humana



Parasitologia humana é o estudo dos parasitas ou das doenças parasitárias humanas, seus métodos de diagnóstico e controle.


As chamadas doenças parasitárias ainda são responsáveis por um alto índice de morbidade ao redor do mundo. Apesar do grande avanço tecnológico, do alto padrão educacional, da boa nutrição e de boas condições sanitárias, mesmo os países desenvolvidos estão sujeitos a doenças parasitárias. Desta forma, a parasitologia humana mantém seu auge em importância.

Os parasitos são organismos que vivem sobre um hospedeiro e sobre suas custas. Sendo que é um organismo capaz de transmitir agentes infecciosos. Podendo ou não desenvolver-se enquanto encontra-se no chamado VETOR, que pode ser um Artrópode molusco ou outros veículos.

Parasitismo é uma relação desarmônica entre seres de espécies diferentes, em que um deles, denominado parasita, vive no corpo do outro, denominado hospedeiro, do qual retira alimentos.


Embora os parasitas possam causar a morte dos hospedeiros, de modo geral trazem-lhe apenas prejuízos.


Quanto à localização no corpo do hospedeiro, os parasitas podem ser classificados em ectoparasitas (externos) e endoparasitas (internos).


Os exemplos mais comuns de ectoparasitas são os piolhos, os carrapatos, o cravo da pele, o bicho-de-pé e o bicho da sarna, além de outros. Exemplos de endoparasitas são o plasmódio e o tripanossomo, protozoários causadores, respectivamente, da malária e da doença de Chagas. São exemplos, também, os vírus, causadores de várias doenças, desde a gripe até a febre amarela e a AIDS.

 O Parasitismo desempenha um papel importante modificando a fisiologia e comportamento de seus hospedeiros. 


Fonte: Parasitologia humana / [editor] David Pereira Neves. - 11. ed. -
São Paulo Editora Atheneu, 2010.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

GLOSSÁRIO




Agente Etiológico: É o agente causador ou responsável pela origem da doença. Pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto.

Agente Infeccioso: Parasito, sobretudo, microparasitos (bactérias, fungos, protozoários, vírus etc.) inclusive helmintos, capazes de produzir infecção ou doença infecciosa (OMS, 1973).

Anfixenose: Doença que circula indiferentemente entre humanos e animais, isto é, tanto os humanos quanto os animais funcionam como hospedeiros do agente. 

Antroponose: Doença exclusivamente humana. 

Antropozoonose: Doença primária de animais, que pode ser transmitida aos humanos.

Cepa: Grupo ou linhagem de um agente infeccioso, de ascendência conhecida, compreendida dentro de uma espécie e que se caracteriza por alguma propriedade biológica e/ou fisiológica.

Contaminação: é a presença de um agente infeccioso na superfície do corpo, roupas, brinquedos, água, leite, alimentos etc.

Doença Metaxênica: Quando parte do ciclo vital de um parasito se realiza no vetor; isto é, o vetor não só transporta o agente, mas é um elemento obrigatório para maturação e/ ou multiplicação do agente.

Enzoose: Doença exclusivamente de animais.

Endemia: É a prevalência usual de determinada doença com relação à área. Normalmente, considera-se como endêmica a doença cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma ideia de equilíbrio entre a doença e a população, ou seja, é o número esperado de casos de um evento em determinada época.

Epidemia ou Surto Epidêmico: É a ocorrência, numa coletividade ou região, de casos que ultrapassam nitidamente a incidência normalmente esperada de uma doença e derivada de uma fonte comum de infecção ou propagação. Quando do aparecimento de um único caso em área indene de uma doença transmissível.

Epidemiologia: É o estudo da distribuição e dos fatores determinantes da freqüência de uma doença (ou outro evento). Isto é, a epidemiologia trata de dois aspectos fundamentais: a distribuição(idade, sexo, raça, geografia etc.) e os fatores determinantes da freqüência (tipo de patógeno, meios de transmissão etc.) de uma doença.

Espécies Alopátricas: São espécies ou subespécies do mesmo gênero, que vivem em ambientes diferentes, devido à existência de barreiras que as separaram.

Espécies Simpátricas: São espécies ou subespécies do mesmo gênero, que vivem num mesmo ambiente.

Espécie Eurítopa: é a que possui ampla distribuição geográfica, com ampla valência ecológica, e até com hábitats variados.

Espécie Estenótopa: é a que apresenta distribuição geográfica restrita com hábitats restritos.

Estádio: É a fase intermediária ou intervalo entre duas mudas da larva de um artrópode ou helminto.

Estágio: é a forma de transição (imaturos) de um artrópode ou helminto para completar o ciclo biológico.

Fase Aguda: É aquele período após a infecção em que os sintomas clínicos são mais marcantes (febre alta etc.). É um período de definição: o indivíduo se cura, entra na fase crônica ou morre.

Fase Crônica: É a que se segue à fase aguda; caracteriza-se pela diminuição da sintomatologia clínica e existe um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente infeccioso. O número do parasitos mantém uma certa constância. É importante dizer que este equilíbrio pode ser rompido em favor de ambos os lados.

Fômite: é representado por utensílios que podem veicular o parasito entre hospedeiros. Ex: Roupas, seringas  etc.

Fonte de Infecção: É a pessoa, coisa ou substância da qual um agente infeccioso passa diretamente a um hospedeiro. Essa fonte de infecção pode estar situada em qualquer ponto da cadeia de transmissão.

Hábitat: É o ecossistema, local ou órgão onde determinada espécie ou população vive.

Heteroxeno: Ver Parasito heteroxênico.

Hospedeiro: É um organismo que alberga o parasito. Ex: o hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser humano 

Hospedeiro Definitivo: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual.

Hospedeiro Intermediário: É aquele que apresenta o parasito em fase larvária ou assexuada.

Hospedeiro Paratênico ou de Transporte: É o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimento, mas permanece encistado até que o hospedeiro definitivo o ingira.

Incidência: é a freqüência com que uma doença ou fato ocorre num período de tempo definido e com relação à população (casos novos, apenas).

infecção: Penetração e desenvolvimento, ou multiplicação, de um agente infeccioso dentro do organismo de humanos ou animais (inclusive vírus, bactérias, protozoários e helmintos)

Infecção Inaparente: Presença de infecção num hospedeiro, sem o aparecimento de sinais ou sintomas clínicos. (Nesse caso, pode estar em curso uma patogenia discreta, mas sem sintomatologia; quando há sintomatologia a infecção passa a ser uma doença infecciosa.)

infestação: é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou vestes. (Pode-se dizer também que uma área ou local está infestado de artrópodes.)

Letalidade: Expressa o número de óbitos com relação a determinada doença ou fato e com relação à população.

Morbidade: Expressa o número de pessoas doentes com relação à população.

Mortalidade: Determina o número geral de óbitos em determinado período de tempo e com relação à população.

Parasitemia: Reflete a carga parasitária no sangue do hospedeiro.

Parasitismo: É a associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação. desse modo, o parasito é o agressor, o hospedeiro é o que alberga o parasito. Podemos ter vários tipos de parasitos:
                  Endoparasito: O que vive dentro do corpo do hospedeiro.
                  Hiperparasito: O que parasita outro parasito.

Parasito Acidental: É o que parasita outro hospedeiro que não o seu normal.

Parasito Errático: É o que vive fora do seu hábitat normal.

Parasito Estenoxênico: É o que parasita espécies de vertebrados muito próximas.

Parasito Eurixeno: É o que parasita espécies de vertebrados muito diferentes.

Parasito Facultativo: É o que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro (nesse último caso, isto é, quando não está parasitanto, é chamado vida livre). 

Parasito Heterogenético: É o que apresenta alternância de gerações. Ex: Plasmodium, com ciclo assexuado no mamífero e sexuado no mosquito.

Parasito Monoxênico: É o que possui apenas o hospedeiro definitivo.

Parasito Monogenético: É o que não apresenta alternância de gerações (isto é, possui um só tipo de reprodução sexuada ou assexuada).

Parasito Obrigatório: É aquele incapaz de viver fora do hospedeiro.

Parasito Periódico: É o que frequenta o hospedeiro intervaladamente.

Parasitóide: É a forma imatura (larva) de um inseto (em geral da ordem Hymenoptera) que ataca outros invertebrados, quase sempre levando-os à morte (parasitóide = parasito proteleano).

Partenogênese: desenvolvimento de um ovo sem interferência de espermatozoide (parthenos = virgem, mais genesis = geração).

Patogenia ou Patogênese: É o mecanismo com que um agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro.

Patogenicidade:  É a habilidade de um agente infeccioso provocar lesões.

Patognomônico: Sinal ou sintoma caraterístico de uma doença.

Pedogênese: É a reprodução ou multiplicação de uma forma larvária (pedos = jovem mais genesis = geração).

Período de Incubação: É o período decorrente entre o tempo de infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas clínicos.

Período Pré-Patente: É o período que decorre entre a infecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente infeccioso. Ex: esquistossomose mansoni-período entre a penetração da cercária até o aparecimento de ovos nas fezes (formas detectáveis), aproximadamente, 43 dias.

Poluição: É a presença de substâncias nocivas (produtos químicos, por exemplo) mas não-infectante, no ambiente (ar, água, leite, alimento etc.).

Portador: Hospedeiro infectado que alberga o agente infeccioso, sem manifestar sintomas, mas capaz de transmiti-lo a outrem. Nesse caso, é também conhecido como "portador assintomático", quando ocorre doença e o portador pode contaminar outras pessoas em diferentes fases, temos o "portador em incubação", "portador convalescente", "portador temporário", "portador crônico".

Premunição ou Imunidade Concomitante: É um tipo especial do estado imunitário ligado à necessidade da presença do agente infeccioso em níveis assintomáticos no hospedeiro. Normalmente, a premunição é encarada como sendo um estado de imunidade que impede reinfecções pelo agente infeccioso específico.

Prevalência: Termo geral utilizado para caraterizar o número total de casos de uma doença ou qualquer outra ocorrência numa população e tempo definidos (casos antigos somados aos casos novos).

Profilaxia: É o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle de doenças ou fatos prejudiciais aos seres vivos. Essas medidas são baseadas na epidemiologia de cada doença. (Prefiro usar os termos "profilaxia", quando uso medidas contra uma doença já estabelecida e "prevenção", quando uso medidas para evitar o estabelecimento de uma doença).

Reservatório: São o homem, os animais, as plantas, o solo e qualquer matéria orgânica inanimada onde vive e se multiplica um agente infeccioso, sendo vital para este a presença de tais reservatórios e sendo possível a transmissão para outros hospedeiros (OMS). O conceito de reservatório vivo, de alguns autores, é relacionado com a capacidade de manter a infecção, sendo esta pouco patogênica para o reservatório.

Sinantropia: É a habilidade de certos animais silvestres (mamíferos, aves, insetos) frequentar habitações humanas, isto é,  pela alteração do meio ambiente natural houve uma adaptação do animal que passou a ser capaz de conviver com o homem.

Vetor: é um artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre dois hospedeiro.

Vetor Biológico: É quando o parasito se multiplica ou se desenvolve no vetor.

Vetor Mecânico: É quando o parasito não se multiplica nem se desenvolve no vetor, este simplesmente serve de transporte.

Virulência: É a severidade e rapidez com que um agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro.

Zooantroponose: Doença primária dos humanos, que pode ser transmitida aos animais.

Zoonose: Doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e os humanos. Atualmente, são conhecidas cerca de 100 zoonoses.

                                                                                   Fonte: Parasitologia humana / [editor] David Pereira Neves. - 11. ed. -
São Paulo Editora Atheneu, 2010.