quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ação dos Parasitos sobre o Hospedeiro

   Nem sempre a presença de um parasito em um hospedeiro indica que está havendo ação patogência do mesmo. Entretanto, essa ausência de patogenicidade é rara, de curta duração e, muitas vezes, depende da fase evolutiva do parasito. Em geral, os distúrbios que ocorrem são de pequena monta, pois há uma tendência de haver um equilíbrio entre a ação do parasito e a capacidade de resistência do hospedeiro. "A doença parasitária é um acidente que ocorre em consequência de um desequilíbrio entre hospedeiro e o parasito. " "O grau de intensidade da doença parasitária depende de vários fatores, dentre os quais salientam: o número de formas infectantes presentes, a virulência da cepa, a idade e o estado nutricional do hospedeiro, os órgãos atingidos, a associação de um parasito com outras espécies e o grau da resposta imune ou inflamatória desencadeada." Em verdade, a morte do hospedeiro representa também a morte do parasita, o que, para este, não é bom...Dessa forma, vê-se que a ação patogênica dos parasitos é muito variável, podendo ser assim apresentada:

  • AÇÃO ESPOLIATIVA
   Quando o parasito absorve nutrientes ou mesmo sangue do hospedeiro. É o caso dos Ancylostomatidae, que ingerem sangue da mucosa intestinal (utilizam esse sangue para obtenção de Fe e O2 e não para se nutrirem dele diretamente) e deixam pontos hemorrágicos na mucosa, quando abandonam o local da sucção. Outro exemplo é o mosquito.


  • AÇÃO TÓXICA
    Algumas espécies produzem enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro. Exemplos: as reações alérgicas provocadas pelos metabólitos do A. lumbricoides, as reações teciduais (intestino, fígado, pulmões) produzidas pelas secreções no miracídio dentro do ovo do S. mansoni etc. 

  • AÇÃO MECÂNICA
     Algumas espécies podem impedir o fluxo de alimento, bile ou absorção alimentar. Assim, o enovelamento de A. lumbricoides dentro de uma alça intestinal, obstruindo-a; a G. lamblia, "atapetando" o duodeno etc.

  • AÇÃO TRAUMÁTICA
        É provocada, principalmente, por formas larvárias de helmintos, embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de fazê-lo. Assim, a migração cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae; as lesões hepáticas pela migração da F. hepatica jovem; as úlceras intestinais provocadas pelos Ancylostomatidae e T. trichiura; o rompimento das hemácias pelos Plasmodium etc.

  • AÇÃO IRRITATIVA
       Deve-se à presença constante do parasito que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado. Como exemplo, temos a ação das ventosas dos Cestoda ou dos lábios dos A. lumbriocoides na mucosa intestinal.

  • AÇÃO ENZIMÁTICA
          É o que ocorre na penetração da pele por cercárias de S. mansoni; a ação da E. histolytica ou dos Ancylostomatidae para lesar o epitélio intestinal e, assim, obter alimentos assimiláveis etc.

  • ANÓXIA
        Qualquer parasito que consuma o O2 da hemoglobina, ou produza anemia, é capaz de provocar uma anóxia generalizada. É o que acontece com os Plasmodium ou, em infecções maciças, pelos Ancylostomatidae.

Fonte: Parasitologia humana / [editor] David Pereira Neves. - 11. ed. -
São Paulo Editora Atheneu, 2010.

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