1. Descrição da doença - doença diarréica causada por
um protozoário Giardia intestinalis (mais conhecido como Giardia
lamblia); nas infecções sintomáticas apresenta um quadro de diarréia crônica,
esteatorréia, cólicas abdominais, sensação de distensão, podendo levar a perda
de peso e desidratação. Pode haver má absorção de gordura e de vitaminas
lipossolúveis. Normalmente não há invasão extraintestinal, porém, às vezes, os
trofozoítos migram pelos condutos biliares ou pancreáticos e ocasionam
inflamações. Algumas infecções são assintomáticas.
2. Agente etiológico - Giardia intestinalis, protozoário
flagelado, foi inicialmente chamado de Cercomonas intestinalis por
Lambl em 1859 e renomeado Giardia lamblia por Stiles, em 1915, em
memória do Professor A. Giard, de Paris e Dr. F. Lambl, de Praga.
Muitos consideram Giardia intestinalis, o nome correto para esse
protozoário.
Ciclo de vida:
A infecção ocorre pela ingestão de cistos em água ou alimentos
contaminados. No intestino delgado, os trofozoítos sofrem divisão binária e
chegam à luz do intestino, onde ficam livres ou aderidos à mucosa intestinal,
por mecanismo de sucção. A formação do cisto ocorre quando o parasita transita
o cólon, e neste estágio os cistos são encontrados nas fezes (forma
infectante). No ambiente podem sobreviver meses na água fria, através de sua
espessa camada.
3. Ocorrência - as giardíases possuem
distribuição mundial. A infecção acomete mais crianças do que adultos. A
prevalência é maior em áreas com saneamento básico deficiente e em instituições
de crianças que não possuem controle de seus esfíncteres. Nos Estados Unidos, a
transmissão de Giardia lamblia através da água é mais freqüente em
comunidades montanhosas e de pessoas que obtém água de fontes sem tratamento de
filtração adequado. A giardíase prevalece em alguns países temperados e também
nos países tropicais, e há infecções freqüentes de grupos de turistas, que
consomem água tratada inadequadamente.
4. Reservatório - os seres humanos atuam como importante
reservatório da doença e, possivelmente, animais selvagens e domésticos podem
atuar como reservatórios da giardíase. Os cistos presentes nas fezes dos seres
humanos são mais infectantes do que os provenientes dos animais.
5. Período de incubação - depois de um período de incubação que
varia de 5 a 25 dias, com uma média de 7 a 10 dias, podem aparecer infecções
sintomáticas típicas.
6. Modo de transmissão - a transmissão de Giardia lamblia de
pessoa a pessoa ocorre por transferência dos cistos presentes nas fezes de um
indivíduo infectado, através do mecanismo mão-boca. É provável que as pessoas
infectadas porém assintomáticas (situação muito comum), são mais importantes na
transmissão do agente do que aquelas pessoas que apresentam diarréia (infecção
sintomática). A transmissão ocorre quando há a ingestão de água contaminada com
fezes contendo o cisto, e com menor freqüência, por alimentos
contaminados pelas fezes. As concentrações de cloro utilizadas para o
tratamento da água não matam os cistos da Giardia, especialmente se a água
for fria; água não filtrada proveniente de córregos e rios expostos a
contaminação por fezes dos seres humanos e dos animais constitui uma fonte de
infecção comum. A Giardia não é transmitida através do sangue. Pode
ser transmitida também através da colocação de algo na boca que entrou em
contato com fezes contaminada; da ingestão de água contaminada por Giardia;
agua de piscinas, lagos, rios, fontes, banheiras, reservatórios de água que
possam estar contaminado por fezes de animais e/ou seres humanos infectados
ou através da ingestão de alimentos mal cozidos contaminado por Giardia.
7. Susceptibilidade e resistência – a taxa de portadores
assintomáticos é alta e a infecção costuma ser de curso limitado. Não existem
fatores específicos do hospedeiro que influenciam na resistência.
8. Conduta médica e diagnóstico - a giardíase é diagnosticada
pela identificação dos cistos ou trofozoítos nas fezes; o médico deve repetir o
exame pelo menos três vezes antes de fechar o diagnóstico, através de exames
diretos e processos de concentração. A identificação de trofozoítos no liquido
duodenal e na mucosa através da biopsia do intestino delgado pode ser um
importante método diagnóstico. É muito importante que seja feito o diagnóstico
diferencial com outros patógenos que podem causar um quadro semelhante. A
suspeita de casos de Giardia e outras diarréias devem ser notificadas
à vigilância epidemiológica local, regional ou central, para que a investigação
epidemiológica seja desencadeada na busca dos fatores causadores e medidas de
controle sejam tomadas. O serviço de saúde deve registrar o quadro clínico do
paciente e sua história de ingestão de água e alimentos suspeitos nas últimas
semanas, bem como, solicitar os exames laboratoriais necessários para os casos
suspeitos.
9. Tratamento - o tratamento deve ser feito com metronidazol ou
tinidazol. Apesar da doença infectar todas as pessoas, crianças e mulheres
grávidas podem ser mais susceptíveis a desidratação causada pela diarréia,
portanto, deve-se administrar fluiodoterapia se necessário. Furazolidona é
também utilizada no tratamento de amebíases.
10. Medidas de controle - 1) notificação de surtos -
a ocorrência de surtos (2 ou mais casos) requer a notificação imediata às
autoridades de vigilância epidemiológica municipal, regional ou central, para
que se desencadeie a investigação das fontes comuns e o controle da transmissão
através de medidas preventivas (medidas educativas, verificação das condições
de saneamento básico e rastreamento de alimentos). Orientações poderão ser
obtidas junto à Central de Vigilância Epidemiológica - Disque CVE, no telefone
é 0800-55-5466. 2) medidas preventivas – a infecção é prevenida
evitando-se ingerir água ou alimentos que possam estar contaminados com as
fezes; educação sanitária desempenha um importante papel na prevenção da
doença; a água proveniente de abastecimentos públicos localizados em áreas de
risco devem ser filtradas; etc.. 3)medidas em epidemias – a investigação
epidemiológica dos casos é necessária ser feita em grupos, uma região
ou instituição, para saber precisamente a fonte de infecção e o modo de
transmissão; com o intuito de identificar e eliminar o veículo comum de
transmissão. O controle da transmissão de pessoa-a-pessoa requer higiene rígida
pessoal e disposição sanitária das fezes.
11. Bibliografia consultada e para saber mais sobre a doença
1. CDC/ATLANTA/USA. DPDx - Giardiasis
Infection Fact Sheet. In: Search, http://www.cdc.gov
2. FDA/CFSAN Bad Bug Book – Giardia
lamblia. Internet http://www.fda.gov
3. BENENSON, AS. El Control de las
enfermidades transmisibles en
el hombre. 15º ed. Washington, DC: Informe oficial de la
Asociación Estadounidense de Salud Pública,1992: 652 257-260.
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